16.1.17

COMIGO MESSMO - XXXVI


A verdade é que o meu avô Domingos era uma figura marcante. Claramente a figura mais forte de toda a família. Sempre de gravata fininha, como se usava na época, e chapéu preto à maneira. Um homem que via no comunismo um perigo físico a abater. Um homem que, seguramente, ajudou o regime franquista na época da Guerra Civil de Espanha (1937), o que lhe terá garantido ser Cidadão Honorário de Zamora.
Um caçador inveterado que nos mandava encomendas em caixotes de madeira com alheiras e perdizes de três em três meses. Caixotes cheios de pregos que tinham de ser tirados a escopro e martelo. Caixotes que íamos buscar à Estação de Oeiras, muitas vezes já com cheiro ligeiramente faisander.
Um homem que gostava de patuscadas, petiscos, copos e, estou seguro, também de “espanholas”. Gostava também de jogar. Penso que era apenas jogo de cartas. Ainda me lembro de o ir buscar a pedido da avó, era eu já mais velho e ele também, ao Café Poças que tinha uma sala íntima para os devidos efeitos. Foi nessa época, que passou a ter a alcunha de “Capitão Sagres”, porventura devido a algum uso excessivo que dava às garrafas de cerveja.

PS: o meu avô a dar de beber ao cavalo em frente à Igreja de S. Vicente (Bragança)

2 comments:

João Menéres said...

O cavalo bebia douro ( água )...

Anonymous said...

Quem dá de beber ao cavalo tem direito as Sagres....